quarta-feira, dezembro 19, 2007

Equívoco da polícia mata dois actores que filmavam cena sobre um "assalto" em Luanda

Dois jovens actores foram mortos, por engano, pela polícia em Luanda quando filmavam uma cena de um filme sobre delinquência juvenil.
O trágico equívoco ocorreu no momento em que os dois jovens actores foram confrontados, na segunda-feira, com a acção policial no município de Sambizanga, na capital angolana.
O porta-voz da polícia confirma que, elementos da área da investigação criminal da segunda divisão da polícia mataram os actores, justificando o incidente com «falha de informação».
«Trata-se de um agrupamento cultural, que inclusive solicitou o nosso apoio para assegurar a segurança durante as filmagens, mas um mal entendido levou a polícia a agir dessa forma», explicou o porta-voz.
De acordo com Divaldo Martins, algumas horas antes, no local onde estava a ser filmada a antepenúltima cena do filme, tinha sido assaltada uma pessoa, que apresentou queixa à polícia.
«A polícia, no intuito de apanhar os bandidos em flagrante, utilizou uma viatura não identificada, tendo chegado ao local precisamente no momento em que os dois actores, em posse de armas de fogo, simulavam um assalto, levando os nossos efectivos a disparar», disse o oficial.
Divaldo Martins referiu que as pessoas implicadas no caso estão detidas, tendo sido abertos processos-crime e disciplinares, para avaliar a falha da polícia.
«É necessário a polícia avaliar a situação e analisar o que correu mal», salientou.
Entretanto, a Polícia Económica angolana matou hoje um jovem e feriu outro, no decorrer de uma operação contra a pirataria discográfica no mercado do Roque Santeiro, em Luanda, disse à Lusa de fonte policial.
Segundo Divaldo Martins, uma das vítimas morreu no local e a outra foi levada para o hospital em estado grave.
«As informações que temos é que um dos jovens morreu no local e o outro, com uma bala na cabeça, foi transportado para o hospital», adiantou.
Em três semanas, são já cinco os casos em que agentes policiais matam cidadãos, sendo a primeira vítima uma vendedora ambulante, morta na semana passada no município do Rangel quando agentes procediam a uma operação para dispersar um mercado ilegal.
Nos últimos tempos, a polícia, em colaboração com a Associação Justiça, Paz e Democracia, tem promovido acções de educação cívica e defesa dos direitos humanos junto da população.
com Lusa